quarta-feira, novembro 02, 2005

Outono


Dói.

Meu coração é como uma árvore ressequida,
cujas plantas, opacas, caem uma por uma,
em um suplício sem fim.

É outono para mim e não primavera.
Meu corpo treme.
Sinto gelar por dentro.

Dói.
Não queria que assim fosse. Sou orgulhosa.
Mas a verdade é que meu eu todo dói.

Fecho os olhos e penso na minha mãe acarinhando meus cabelos e dizendo com sua voz serena:
- Filha, tudo passa...
Alivia por um instante breve.

Lembro, então, de Chico e sua Roda Viva,
que carrega o destino pra lá.

Hoje sou Bicho do Mato.
E, parafraseando Fernanda Porto, pensamento expectora o que meu peito pensa,
um tormento a todo momento.

Vira um caos.

Mas, aí, chega Vander Lee, com sua melodia fácil e me sopra no ouvido que os sonhos e as pernas ninguém me pode tirar.

É isso.
Acho que assim o outono há de passar.