Sob a Garoa de Sampa
terça-feira, novembro 08, 2005
quarta-feira, novembro 02, 2005
Outono

Dói.
Meu coração é como uma árvore ressequida,
cujas plantas, opacas, caem uma por uma,
em um suplício sem fim.
É outono para mim e não primavera.
Meu corpo treme.
Sinto gelar por dentro.
Dói.
Não queria que assim fosse. Sou orgulhosa.
Mas a verdade é que meu eu todo dói.
Fecho os olhos e penso na minha mãe acarinhando meus cabelos e dizendo com sua voz serena:
- Filha, tudo passa...
Alivia por um instante breve.
Lembro, então, de Chico e sua Roda Viva,
que carrega o destino pra lá.
Hoje sou Bicho do Mato.
E, parafraseando Fernanda Porto, pensamento expectora o que meu peito pensa,
um tormento a todo momento.
Vira um caos.
Mas, aí, chega Vander Lee, com sua melodia fácil e me sopra no ouvido que os sonhos e as pernas ninguém me pode tirar.
É isso.
Acho que assim o outono há de passar.